quarta-feira, 21 de março de 2012

Filmes e séries tendem a apostar na desmistificação dos contos infantis

Era uma vez...


No meu primeiro post decidi escrever sobre um tema que me tem fascinado nos últimos tempos! :)

Cada vez mais filmes e séries mostram o outro lado das histórias de encantar, desvendando segredos e mitos. São uma vertente mais moderna e mais negra, num mundo caleidoscópico.

Era uma vez... é uma série americana lançada em 2011 e, tal como o nome prevê, é baseada em contos de fadas. Nesta série são relatadas histórias que todos conhecemos como o conto da Cinderela, da Bela e o Monstro, do Capuchinho Vermelho e da Branca de Neve, sendo esta o plot principal. As diferenças? A série é passada na actualidade mas com viagens ao mundo dos contos de fadas que funcionam como uma realidade paralela.
Nesta série as histórias possuem tanto de magia como de terror, mostrando o que está por trás do 'sobrenatural colorido' que conhecíamos.
StoryBrook é o cenário principal desta trama e todos os habitantes da vila são, na realidade, personagens de contos de fadas exilados no mundo real pela maldição da madrasta da Branca de Neve e sem memória das suas identidades reais.




Grimm é uma série norte-americana também lançada em 2011. Quem não conhece os famosos Irmãos Grimm? Foram eles que se dedicaram ao registo dos contos de fadas que conhecemos, porém, na tradição oral, as histórias compiladas eram para o público adulto e não para o infantil. Nesta série percebe-se porque é que as histórias eram para adultos. Nick Burkhardt (David Giuntoli) é descendente de uma sociedade secreta – os Grimm – e a sua missão é manter o equilíbrio entre a vida real e a mitologia, erradicando todos os monstros que atormentam os 'heróis' das histórias. Nesta série 'nem tudo o que parece é' pois um simples mortal pode ser na verdade um 'lobo' e só um descendente de Grimm o consegue identificar, pois só estes conseguem ver para além da sua aparência humana.


Esta tendência de retratar os contos não está só patente nas séries mais atuais, o cinema também seguiu nesta linha retratando os contos de fadas como eles se passaram de facto.

Exemplos desta propensão são os filmes ainda por estrear: Mirror Mirror e A Branca de Neve e o Caçador. Enquanto o primeiro mostra uma vertente mais cómica da lenda da Branca de Neve e da Bruxa Má, tendo esta grande enfoque e sendo interpretada por Julia Roberts, o segundo, protagonizado por Kristen Stewart e Charlize Theron retrata uma vertente mais sombria e com mais ação, na qual o Caçador (Chris Hemsworth), enviado para matar a Branca de Neve, ganha importância, tornando-se aliado da heroína. Em ambos também entram os 'Sete anões', o Príncipe e, como não podia deixar de ser, a famosa maçã envenenada.
           
Até agora a historia da Branca de Neve é, talvez, a mais representada nas grandes telas. Também em 2001 foi lançada outra versão da Branca de Neve, sendo também esta mais 'negra' do que o habitual conto de fadas, introduzindo novos factos, mas tendo o final desejado com a rainha recebendo o seu devido castigo e a Branca de Neve feliz para sempre com o seu Príncipe.


Mas não é só a Branca de Neve que inunda as salas de cinema: também Tim Burton aderiu a esta nova tendência com o seu filme Alice no País das Maravilhas em 2010. Como já é habitual em Tim Burton este filme baseado na história mágica e maravilhosa de Alice é retratado de forma sombria. Nesta história protagonizada por Mia Wasikowska (Alice), Helena Bonham Carter (Rainha de Copas), Johnny Depp (Chapeleiro Louco) e Anne Hathaway (Rainha Branca), Alice tem 19 anos, 13 anos após ter seguido o Coelho Branco pela primeira vez até ao País das Maravilhas. Nesta versão Alice não se recorda deste lugar e segue numa jornada com os seres mágicos conhecidos da história original, como os gémeos Tweedledee e Tweedledum, em busca da verdade. Esta é uma versão mais bélica, mas não deixa de lado a fantasia inerente ao clássico e ao próprio Tim Burton.


Também o Capuchinho Vermelho é transposto para as grandes telas em 2011 com A Rapariga do Capuz Vermelho. Nesta recriação continuamos a ter uma menina que anda sempre com um capuz vermelho oferecido pela Avozinha, porém esta é agora uma bela jovem, Valerie (Amanda Seyfried), apaixonada pelo seu amigo de infância, mas prometida a outro. A aldeia onde Valerie vive é aterrorizada por um lendário lobo, que acaba por matar irmã de Capuchinho. O 'Lobo Mau', que no clássico come a Avozinha e Capuchinho Vermelho, mas acaba por ser castigado pelo valente caçador e as duas acabam por sobreviver, é na verdade um dos habitantes da aldeia (Quem? Não quero ser spoiler! Vejam o filme, a sério que vale a pena). Mais uma vez a verdade escondida e fantasiada é revelada num filme sombrio de um dos contos que nos fazia sonhar.


Beastly – O Feitiço do Amor de 2011 é o retrato moderno do conto d'A Bela e o Mosntro. Mais uma vez um jovem, Kyle (Alex Pettyfer), que tem tudo, beleza, inteligência e poder, mas com uma personalidade perversa e cruel é amaldiçoado por Kendra (Mary-Kate Olsen), depois de ser humilhada por ele transformando-o num horrível monstro. Como no original, para quebrar o feitiço tem que encontrar o amor verdadeiro. Lindy (Vanessa Hudgens) entra na sua vida e tal como a Bela se apaixonou pelo Monstro, também Lindy se apaixona por Kyle. Neste caso temos uma vertente mais romântica e fantasiada mas nos dias de hoje.


Em 2005 surge o filme que retrata parte da vida dos lendários contadores de histórias: Os Irmãos Grimm. Will (Matt Damon) e Jake (Heath Ledger) Grimm que enfrentam monstros e demónios falsos em troca de dinheiro são confrontados com desaparecimentos misteriosos de jovens numa floresta encantada. Neste cenário mágico os irmãos deparam-se com muitas das personagens e situações que estão presentes nos seus contos.




Esta nova estratégia mediática invade telas e televisões com uma nova fantasia, a do maravilhoso dos contos de fadas reinventados pela actualidade das convicções. Vertentes mais sombrias, realidades paralelas ou novos factos procuram descortinar o que está escondido pela magia das histórias de encantar.

Espero que tenham gostado :)

Carina Diogo